Da Cova da Beira ao Cabo das Agulhas






"Nas origens é sempre mais fácil sair e entrar, voltar a sair e voltar a entrar, sem constragimentos de maior. Todos sabem que temos ali a nossa âncora (...)", lembra Viriato, protagonista desta história com fronteiras e cujo livro lê-se num abrir fechar de olhos tal a narrativa sedutora e peculiar maneira de contar histórias de vida e de viagens à volta do mundo. De certa maneira, este livro de Vítor Soares, jornalista e agora escritor de viagens, também apela às nossas memórias e conta experiências, traduz momentos, factos e emoções como a que é relatada no livro (pág. 67) onde o autor conta a odisseia da viagem Porto/Colónia, 2400 quilómetros num Mercedes 220 D para chegar a tempo e horas de ultrapassar fronteiras e chegar à Alemanha. Ou ainda, a homenagem a Ruy Duarte de Carvalho, o regresso às origens, à Cova da Beira, mais as viagens de comboio da Cova da Beira (sem nostalgia, porque o adjectivo não entra no dicionário do autor). Ao folhear o livro, um capítulo mais chamou a minha atenção, curiosidade e rapidamente percebi que só ia largar o livro quando terminasse a sua leitura. Trata-se do texto intitulado "O Fado na Igreja", onde Viriato revisita, meio século depois, os primeiros passos da infância, os jogos de futebol com a bola feita de trapos, tipo muda aos 5 e acaba aos 10 e onde, 50 anos depois, no mesmíssimo local onde dantes escutava "lições de catequese", entrou para ouvir fados no meio de alguns turistas. Hilariante e fabuloso, não fosse o dito concerto ter alma altruísta e a receita do evento reverter a favor da recuperação do órgão da igreja. Como diz o autor, "A vida, tal como as fronteiras, raramente é rectlínea: tem altos e baixos, desvios à direita e à esquerda". Já só é preciso ter os sentidos despertos para estar atento e seguir viagem. Parabéns pelo teu excelente trabalho.

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