Côa: Um Museu único no Mundo


Entra-se neste museu único no mundo construído diante da paisagem do vale do Côa e descobre-se o passado milenar da humanidade. E outro mundo entra pelas paredes brancas do edifício projectado pela dupla de arquitectos Tiago Pimentel e Camilo Rebelo. Por todo o lado existem réplicas  de achados arqueológicos,  à mistura com painéis electrónicos,  tecnologia de ponta para melhor recriar a “ilustração  excepcional do rápido desenvolvimento do génio criador do Homem/Mulher na alvorada do seu desenvolvimento cultural”.  Nos painéis existem frases explicativas do santuário de arte rupestre, lugares inimagináveis como Penascosa, ou Canada do Inferno,  desenhos e mais ilustrações gravadas nas rochas como a “cabra pirenaica com duas cabeças”.  E das janelas feitas em rectângulos de vidro lá está o Douro, os penhascos onde sobrevoam as cegonhas pretas e o Côa, sempre o Côa nesta viagem de reencontro com a Histórica.
Naquela manhã de domingo, o sol espreitava com mais intensidade o edifício aberto em Agosto do ano passado.  Vê-se gente de olhos espevitados diante das réplicas gravadas no vale do Côa,  curiosidade e alguma emoção pela viagem virtual/real a um mundo ainda feito de mistérios, interrogações e dúvidas. Numa das salas lembra-se o papel da Unesco e a classificação das gravuras como Património Mundial da Humanidade, o desenvolvimento do vale do Côa ao longo de 25 mil anos com particular realce para o Paleolítico Superior e a segunda Idade do Ferro.  Na sala ao lado  lá está o “Santuário” espécie de antevisão da monumental paisagem de arte rupestre, imagens do rio e quadros interactivos de alguns conjuntos de gravuras localizadas entre Penascosa e a Quinta da Barca. “O santuário do Côa não tem nada a ver com a espiritualidade, antes com a humanização da paisagem. É a arte pela arte como forma de ocupar os tempos livres”, diz o guia/monitor desta viagem deslumbrante repleta de desenhos, figuras esquemáticas, representações de humanos e animais.
Sem muito esforço o visitante antevê os achados arqueológicos de Canada do Inferno,  lugar mítico do Paleolítico e simultaneamente mágico para quem, pela primeira vez descobriu, em Novembro de 1991, as primeiras gravuras pré-históricas. Foi o princípio de um tempo envolto em polémicas intermináveis com defensores da manutenção e preservação das  gravuras e opiniões contrárias a aplaudir convictamente a construção da barragem da EDP. “Para gerar riqueza”, dizia-se.  Como a viagem corre ao sabor do tempo, o visitante poderá, ainda,  inteirar-se sobre o “Território, o Homem e o Tempo”,  observar o modus vivendi destas comunidades e o seu habitat, a arte gravada nas rochas e perceber melhor o nosso passado milenar. Lugar de memórias e espaço para a contemporaneidade,  o Museu acolhe, ainda, uma notável escultura em madeira de Alberto Carneiro, intitulada “Árvore Mandala para os Gravadores do Côa”  estabelecendo uma relação directa com a Arte-Vida/Natureza- Cultura.
“Entre Agosto de 2010 e Agosto de 2011 tivemos cerca de 40 mil visitantes”,  garantiu Dalila Correia, directora do Museu do Côa. Mas será que o Museu ajudou a potencializar o desenvolvimento local e contribuiu para mudar a face da região?  Ainda é cedo para conclusões definitivas. Sabe-se uma coisa:  o Museu do Côa é uma obra monumental e como tal, precisa de ser estimulada e continuada.

Comentários

  1. Meu caro Manuel Vitorino:

    Também eu quis vir de visita ao teu blogue. Parabéns por ele!
    Abraço.

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