Dois mundos


Rua de Júlio Dinis, no Porto, fica a dois passos da Casa da Música e tem duas caras. Durante o dia, o trânsito é infernal com filas de automóveis, buzinadelas, gente apressada. Alguns atravessam de telemóvel a passadeira junto à Rotunda da Boavista. Vê-se gente impacinte. Até parece que a zona fervilha de negócios,  com agências bancárias coladas umas às outras, cafés e confeitarias, mais a Petúlia frequentada por portistas e fornadas de bolo-rei na montra gulosa. Há noite, o retrato é outro: nas entradas dos prédios dezenas de mendigos e sem-abrigo enrolam-se em mantas e cobertores e lá ficam a dormir até de manhã. Por volta das 22 horas, são acordados por voluntários de instituições de solidariedade e das carrinhas entregam-se pratos de sopa, comida, fruta, agasalhos. É outro mundo na cidade deserta.

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