Miguel Braga & André Sarbib: encontro de amigos

Foi um concerto intimista, emotivo e de homenagem a vários compositores aquele que teve lugar no dia 2, na sala 2 da Casa da Música do Porto: no palco estavam 2 pianos e 2 amigos com mais de 25 de anos de trabalho comum: Miguel Braga & André Sarbib. O abençoado reencontro contagiou a plateia e serviu para colocar uma vez mais em evidência as enormes qualidades de improvisação da dupla de pianistas de jazz. Além das sonoridades e do tributo prestado a alguns músicos que influenciaram a carreira de Miguel Braga e André Sarbib, entre os quais, o compositor brasileiro Ivan Lins (Sarbib é o pianista que acompanha o autor de "Tanto Amor" e "Arrependimento") o concerto permitiu avivar memórias, histórias, episódios, pequenas rivalidades transformadas em vivências e amizades. "A gente já se conhecia desde o tempo em que ambos rosnavam um para o outro", confidencia Miguel Braga. A cúmplice plateia aplaude e sorri. Depois, o músico lembrou  os "famosos bailes de finalistas" realizados nos anos 70 em diferentes estabelecimentos de ensino da cidade, as actuações de grupos de música rock como "A Lanterna", "Kama Sutra" e "A Grelha", cujos ensaios ouvi vezes sem conta no exterior de uma uma garagem situada no Bairro do Amial, à Arca d´Água. Nessa altura, entoavam-se temas dos Rolling Stones, Beatles, Manfred Mann, Elton John. Ontem como hoje, a música anglo-saxónica dominava os "tops", as modas e atenções.
Muitos anos depois deste (re) encontro de 2 amigos/2 pianos outras recordações surgem à memória: os concertos de rock no Palácio de Cristal, o famoso "baile de gala" realizado numa  noite de Verão na Quinta da Conceição, em Leça da Palmeira (com a GNR montada  a cavalo para "assegurar a lei e a ordem") ou ainda, o  memorável  (e para mim inesquecível) concerto de "A Grelha" realizado no antigo Instituto Industrial do Porto (hoje ISEP).  Muitos anos depois, Miguel Braga & André Sarbib reuniram-se outra vez para tocar. Foi na Casa da Música numa noite fria e chuvosa. Os dois amigos inseparáveis trocaram afectos, cumplicidades e deram-nos a ouvir outros sons e temas repletos de simbolismo como "As Montanhas do Mar" e "Os Irmãos". Na despedida, Sarbib tocou um tema de Michal Legrand, homenageou uma figura singular da cultura francesa e simultaneamente, alguns nomes cimeiros do jazz mundial como Miles Davis, Jonh Coltrane, Bill Evans. Qual é o próximo concerto?