Festa e marionetas em Espinho


É num edifício desenhado em “forma de navio” pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes que, as crianças das escolas do concelho de Espinho entram para participar no Festival Mar-Marionetas, seis anos de vida, muita carolice à mistura, pequenas e grandes animações, workshops para gente de todas as idades. Amanhã e domingo, durante o dia, realiza-se uma feira em ponto pequeno de marionetas prometendo juntar pais e filhos. Objectivo: trazer mais público a este tipo de manifestação artística e promover o seu conhecimento. Logo à noite, cerca das 21,30 horas, no auditório da Academia de Música de Espinho, a Companhia Varazim Teatro promove a representação da peça com o sugestivo título: “Se os Tubarões Fossem Homens”.
De volta ao Centro Multimeios de Espinho, conhecido entre a população pelo edifício desenhado em “forma de navio”, centenas de estudantes do 1º e 2º ciclos deixam a sala de aula e partem à descoberta dos bonecos manipulados pelos actores e instrumentistas, deixam-se contagiar pela magia do teatro de marionetas, os “Robertos” da infância testemunhada pelo pais e admiram algumas histórias que povoam o seu imaginário. Um exemplo:  a “Cinderela”, cuja versão motivou o criativo espectáculo concebido em 2009 por João Paulo Seara Cardoso, director artístico e fundador do Teatro de Marionetas do Porto.  Em exposição, lá estão várias personagens que fizeram as delícias dos mais novos como a Fada Madrinha e a Madrasta, mais a Cinderela Princesa e o Príncipe. A criançada  rejubila. “Tem sido uma alegria enorme. Os ateliês estão sempre cheios de meninos e meninas e existe bastante interactividade”, contou uma animadora do departamento cultural da Câmara de Espinho, entidade organizadora do certame a  decorrer até ao próximo dia 12. Ainda no mesmo local,  tempo para admirar a instalação intitulada Alice [no país das maravilhas] e uma frase [Um novo lugar] que traduz o testemunho,  memória e gratidão pelo trabalho desenvolvido por João Paulo Seara Cardoso, um homem que resgatou da penumbra o teatro de marionetas, autor de vários livros de literatura infanto-juvenil, encenador de espectáculos únicos e irrepetíveis. No centro da sala, ninguém fica indiferente ao imaginativo cenário da peça “Mãos de Sal”, concebida pelo Teatro de Marionetas de Mandrágora, de Espinho.
O festival nasceu há seis anos e segundo Idalina Sousa, responsável pelos serviços de Cultura da Câmara de Espinho,  três factores estiveram na génese do seu aparecimento: o aproveitamento das experiências levadas a efeito pela companhia francesa de teatro “Mariettonio”, então grupo teatral residente em Espinho e cujos espectáculos chamaram a atenção dos responsáveis locais para as potencialidades criativas deste tipo de teatro, a inexistência de qualquer instituição na organização de iniciativas direccionadas para a infância e depois, a necessidade da autarquia local potencializar a utilização dos seus equipamentos, nomeadamente, o FACE- Fórum de Arte e Cultura de Espinho e o Centro Multimeios. “O Festival tem uma relação muito forte com as escolas. As crianças adoram este tipo de espectáculos e as salas estão sempre esgotadas. De certa maneira, as marionetas de hoje recuperam as memórias dos antigos “Robertos” que percorriam as feiras e as praias”.
Resta ainda dizer que a maior parte dos espectáculos são gratuitos e alguns custam, apenas, cinco euros. Para o fim de festa está agendado o 3º Encontro da União Internacional da Marioneta (Unima),  uma palestra com José Carlos Barros, director da companhia Criadores de Imagens e um debate sobre o teatro de marionetas, moderado por José Gil, presidente da Unima.  Até ao próximo fim-de-semana Espinho será, pois, cidade de mar e marionetas.


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