Orlando Ribeiro I

Em 1993, não resisti a tentação de folhear (e depois comprar) a reedição de um livro único intitulado Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, de Orlando Ribeiro (com fotos de Jorge Barros). Uma autêntica obra-prima, daquelas que apetece consultar vezes sem conta, ou então ficar a contemplar as fotos de um país mais belo do que hoje e que, lenta e inexoravelmente, foi moldando o seu carácter e paisagem. Mais do que um geógrafo, Orlando Ribeiro (1911-1997) foi um fotógrafo exímio - são de sua autoria algumas das mais belas fotos obtidas sempre através da sua inseparável Leica -, cientista em toda a sua plenitude, investigador incansável e único. Calcorreou o país que amou de lés a lés na companhia da sua companheira de viagens Suzanne Daveau. Morreu no dia 17 de Novembro de 1997 e o país tem uma dívida enorme para com ele e seu legado histórico. Há dias, na companhia de Viriato, fui espreitar a ilustrativa exposição “Deambulações: Diálogos Fotográficos com Orlando Ribeiro, na Reitoria da Universidade de Lisboa. Ao todo, são 70 trabalhos de 30 artistas e fotógrafos,  José Manuel Simões, Alfredo Cunha, Mário Neves, Gérard-Castelo Lopes, Eduardo Gajeiro, Augusto Cabrita, entre outros. Um deslumbramento para o olhar e os sentidos. “A sua fotografia não quer ser nada alem do que é - puramente documental. A sua objectividade é muito tocante”,  disse, no início do mês, ao Público, o fotógrafo Duarte Belo. Uma exposição que ensina a ver melhor Portugal, a sua ruralidade, geografia e contrastes. Uma preciosidade sem preço.


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