Florença: um museu ao virar da esquina





Na Piazza della Signoria, em Florença, outrora centro político e palco de intrigas palacianas, acotovelam-se todos os dias milhares de turistas para descansar, ou simplesmente admirar a Loggia dei Lanzi. Ficam sempre extasiados perante tanta beleza artística. Existe gente de digital na mão a procurar o melhor ângulo para captar as esculturas de Celline, exemplares da arquitectura toscana do século XIV, bronzes e esculturas em mármore. A estátua de David, esculpida por Miguel Ângelo é a mais cobiçada. Mas, existem outras obras-primas cujo tempo histórico foi sempre marcado pelo bom gosto, criatividade e beleza.
A curta distância deste centro artístico ao ar livre ficam os palácios Veccio e Strozzi, a Galeria dos Uffizi, a Catedral de Santa Maria del  Fiore, cujo campanário foi projectado por Giotto, em 1334, o Baptistério forrado a ouro, mais a casa onde viveu Dante e por perto, a ponte Vechio repleta de lojas de marca e criadores internacionais de ourivesaria e pratas. Entre uma visita ao Museu e a Opera del Duomo, onde estão as esculturas de Miguel Ângelo e a famosa Pietà, a igreja de S. Lorenzo, cujo púlpito de bronze de Donatello suscita atenções, ergue-se na Praça de S.Marco, a igreja e o convento de S. Marco, cujo interior acolhe pinturas de várias épocas e estilos. Talvez, o turista apressado não dê conta que, entre os muitos retábulos expostos existe no último andar e longe dos olhares menos cristãos um fresco, testemunho de um auto-de-fé efectuado a 25 de Maio de 1948 contra Girolamo Savonarola, o frade dominicano dos sermões inflamados e denunciadores da vida corrupta da família Médeci.
Como é sabido, todos esses proféticos discursos terminaram da pior maneira e foi curioso verificar que, precisamente, na tal praça florentina sempre apinhada de turistas de todo o Mundo, um homem da Igreja foi torturado, condenado à morte em pleno século XV e lançado à fogueira na Piazza della Signoria.  Àparte este momento exemplificativo da intolerância religiosa (ou fanatismo criminoso?) a capital do Renascimento continua a ser, cinco séculos depois, uma das mais belas cidades do Mundo, sempre luxuosa, encantadora e apelativa dos sentidos.




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