Sokolov




Sokolov voltou a encher de magia a Casa da Música (CdM), quase três horas de concerto, cinco encores, com peças de diferentes períodos da história da música e estilos, um espectáculo feito de grande sabedoria musical, sobriedade e nobreza. Na noite de domingo, dia 18, quando Sokolov entrou em palco na lotada sala Suggia cheia de admiradores do pianista prodígio – aos 16 anos ganhou o 1º Prémio no Concurso Internacional Tchaikovsky de Moscovo -, já o consagrado artista tinha permanecido a  maior parte do dia a ensaiar os temas, a desmontar as peças do Steinway e a tomar preciosas notas dos timbres e sonoridades no seu caderno de apontamentos. Não admira pois, que lhe digam saber mais do piano Steinway  que muitos técnicos ligados ao ofício.
No último concerto realizado no Porto, Sokolov escolheu como reportório a Suite em Ré de Jean-Philipe Rameau (1724) e a seguir, interpretou a conhecida Sonata em Lá Menor, KV 310 (1778). Na segunda parte, a peça de Brahms, “Variações sobre um tema de Handel” (1861).  Seguiu-se uma chuva de palmas e generoso como é sempre seu hábito – Sokolov é presença habitual em toda as temporadas da CdM - voltou ao palco por cinco vezes para agradecer os aplausos e retribuir com o seu talento a arte pianística. Terminou em apoteose com uma peça de Franz Liszt.
Apesar de visivelmente cansado ainda teve disponibilidade para receber na zona de acesso aos camarins uma fila de fiéis seguidores, muitas pessoas que admiram o som prodígio do seu piano, entre as quais, a violoncelista Madalena Sá e Costa e um conjunto de estudantes de diferentes escolas de música que pretendiam dialogar com Sokolov e receber autógrafos no programa do concerto. São assim os artistas realmente talentosos e importantes: humildes no palco e na vida.

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