Marionetas na Ribeira








Como as superproduções de milhões não tornam as pessoas mais felizes, resolvi aproveitar o espectáculo de tostões oferecido à cidade, na Ribeira do Porto, para reviver os famosos Robertos da minha infância, o teatro de marionetas sedutor de milhares de crianças e adultos. Ontem, tendo como cenário o rio Douro e o casario de recorte medieval, lá fui ver a troupe Marionetas da Feira, 12 anos de terra em terra a manipular fios e bonecos do nosso imaginário.
No improvisado palanque, Rui Sousa, 36 anos, marionetista de profissão, não precisou de perder muito tempo para a multidão de curiosos de turistas, na sua maioria com sotaque do país vizinho, ficassem de olhos arregalados diante das marionetas concebidas para o espectáculo Fios de Música. “Podem-se aproximar. Não tenham medo”, apelou o homem habituado a fazer arte com fios nas mãos. E por magia vão entrando em palco marionetas de encantar, como o Charlie a tocar saxofone, ou de arrepiar como o esqueleto de Mr. Bones, mais o sedutor Aníbal a oferecer flores às crianças, o acordeonista e o sambista Carlão. A festa é curta (30 minutos) mas o prazer permaneceu nas conversas das esplanadas e nos sorrisos felizes de muita gente.
“Já andei pelas escolas, depois nas praças e festivais de teatro de marionetas. Aprendi este ofício através de um amigo e agora é o meu modo de vida”, diz o marionetista enquanto ajuda a arrumar a “bonecada”, mais os adereços do show em tempo de Páscoa.
No próximo Imaginarius (25 a 27 de Maio) a companhia Marionetas da Feira será figura de cartaz no Festival Internacional de Teatro de Rua. Como a vida é feita de pequenas coisas já prometi regressar aos “Robertos” da minha infância, onde milhões de  crianças foram felizes sem tecnologias de última geração.  

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