Simone: entre o amor e a fantasia


Só foram precisos alguns minutos para a plateia da sala Suggia da Casa da Música, no Porto, rejubilasse de alegria e ficasse rendida diante da brasileira Simone, voz única, corpo escultural para a idade (62 anos) vestida de branco como sempre, uma vintena de canções de amor, ternurentas, feitas e pensadas para embalar os sentidos. Como o show foi escolhido através de votação efectuada na Internet e nas redes sociais - “somos todos responsáveis”, lembrou no início do espectáculo - , a cantora de voz doce foi directa aos corações: iniciou o concerto com “Sangrando” e “Começar de Novo”, gravado em 1979, de autoria da dupla Ivan Lins/Vítor Martins, cuja letra o público sabe de cor e salteado  (“começar de novo vai valer a pena/ter amanhecido sem as tuas garras/sem o teu fantasma/sem a tua moldura/sem as tuas esporas/sem o teu domínio/sem o teu fascínio) soltou-se com “Atrevida” e “Lá vem baiana”, depois homenageou Chico Buarque com “O que será” e entoou mais dois temas que o público feminino adorou especialmente: “Jura Secreta”,  “Encontros e Despedidas”. Depois das palmas e agradecimentos, a  plateia escutou mais um tema emotivo: “Eu sei que te vou amar” e por magia um silêncio de igreja percorreu a sala Suggia permitindo ouvir o dedilhar das teclas do piano e a voz suave de Simone. A meio do concerto, mais canções cheias de glamour: a eterna “Iolanda”, com palmas comovidas, “Outra Vez”, “Migalhas”  (“quero ser feliz/não quero migalhas do seu amor”) e já perto do fim “Loca”, “Deixa eu te amar” e “Tô Voltando”. Simone agradeceu os aplausos, mas o público quer mais e mais. A baiana de discos de ouro regressou ao palco e acompanhada pela sua banda de sempre (dirigida pelo músico Julinho Teixeira) despediu-se com duas canções muito bonitas: “Foi Deus” e “Alma”. O público rendeu-se à voz da cantora em apoteose e num gesto de gratidão Simone resolveu oferecer flores, beijos à plateia e ajoelhou-se para conceder um autógrafo a uma criança junto do palco. “Foi bonito, adorei”, disse uma espectadora enquanto descia a escadaria da Casa da Música. O show durou 90 minutos e como o amor esteve sempre presente o tempo passou a correr.
“Mas que seja infinito enquanto dure”, escreveu Vinicius. Com as canções de Simone apetece dizer o mesmo.







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