O Bairro dos Livros – bonito nome para uma iniciativa feliz – voltará a abrir portas no próximo sábado, dia 12, com poesias, concertos, filmes, animação para vários gostos. Por lá circulará gente curiosa a entrar e a sair das livrarias e, por magia, uma vasta mancha urbana da cidade voltará a transformar-se numa espécie de Quartier Latin parisiense de boa memória com lojas de comércio abertas ao conhecimento, saber e cultura, como o Café Progresso a servir de décor à exibição de filmes 16 mm do Cineclube do Porto, ou poemas ditos na Biblioteca Musical, 85 anos de história ligada à venda de instrumentos e partituras, agora palco de outras sonoridades e prazeres da alma.
Os aplausos
da primeira edição foram unânimes: “A iniciativa veio em boa altura. Fiquei
duplamente feliz. Tive a casa cheia e as vendas já começaram a aumentar um
pouquinho. Já vieram cá clientes a pedir livros de Camilo, Garrett e Júlio
Dinis. Um deles veio de Trás-os-Montes”, contou Fernanda Vieira, da Livraria
Vieira, pequena casa alfarrabista forrada com livros sobre o Porto e clássicos
da Literatura, ao lado do ANCA. O mesmo sentimento foi partilhado por Dina
Ferreira da Silva, da Poetria, situada na Rua das Oliveiras, a Carlos Alberto, única
livraria do Porto dedicada à poesia. “A livraria andou sempre no fio da
navalha. Vivemos nos limites. Acredito que o projecto possa trazer mais gente à
casa e ajudar à sua sobrevivência”. Como “cada um tem de ter a sua dose de
loucura” [Álvaro de Campos] a Poetria lá vai resistindo num pequeno espaço [12
m2] com cerca de 4000 mil livros à escolha
nas estantes. E muito amor à poesia.
A próxima
edição do Bairro dos Livros tem como lema “Ler é sexy”. Marketing ou não, o
importante é que as livrarias aderentes façam efectivamente descontos aos
clientes (porquê só e apenas nos “livros considerados sexy”?) e tudo façam para
continuar este clima de festa e partilha colocando de lado pequenas vaidades
caseiras. O Bairro dos Livros já é um acontecimento singular e poderá alcançar mais
prestígio caso os livreiros saibam promover o livro, fomentar a leitura,
aproximar a obra literária do público. Como está tudo inventado, basta copiar
os bons exemplos das antigas tertúlias do Porto literário.
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