Uma viagem pela Arte


Mais do que uma viagem pela arte, modos de representação e correntes estéticas, a notável exposição Cinco Séculos de Desenho na Colecção de Belas Artes, repartida pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) colocou em confronto um certo estilo de desenho e pensamento histórico, dando a conhecer não só obras e pinturas de incalculável valor artístico, mas também relevantes do ponto de vista documental, estilístico e patrimonial. “Um percurso único desde a Florença do Renascimento até ao Porto do século XXI, tendo como fio condutor o Desenho, disciplina nuclear do ensino artístico na cidade”, sintetizou Francisco Laranjo, professor da FBAUP e comissário geral da exposição. Coincidência feliz: a mostra fez parte do vasto programa de comemorações do centenário da Universidade do Porto.

E se o primeiro núcleo teve como eixo central a revelação e descoberta de riquíssimos “Desenhos Antigos Italianos” dos séculos XVI e XVII (foi assim que o Porto teve o privilégio de admirar um estudo de Leonardo da Vinci), já o segundo núcleo expositivo revelou desenhos dos séculos XVIII e XIX pertencentes ao espólio da antiga Academia Portuense de Belas Artes. A selecção de obras abrangeu trabalhos de Francisco Vieira,  o Portuense (lente da Aula Pública de Debuxo e Desenho, em 1802), Acácio Lino,  desenhos a carvão de “composição de Augusto Roquemont, um dos românticos da arte portuguesa, entre outros nomes da pintura deste tempo histórico, trabalhos menos conhecidos de Dórdio Gomes, Domingos Alvarez, Nadir Afonso, Clara Menéres, Alberto Caneiro, António Cruz, Lagoa Henriques, centenas de doacções feitas por artistas da “Escola do Porto” assinados por Alberto Carneiro, Lanhas, Resende e Álvaro Lapa, entre muitos outros nomes da arte contemporânea.
“Temos um enorme acervo desconhecido, mais de 4500 gravuras que não foram expostas. Só um terço dos desenhos italianos puderam ser admirados, mas a colecção é fabulosa. Depois, nos nossos depósitos possuímos, também, muita pintura e escultura efectuada pelos alunos no decorrer provas académicas, ou como bolseiros da Academia. O espólio é grandioso e a seu tempo será  divulgado”, revelou Francisco Laranjo.
No sentido de perpetuar no tempo este importante acontecimento artístico e cultural foi editado um livro/catálogo que contextualiza e fornece pistas de reflexão sobre Cinco Séculos de Desenho na colecção das Belas Artes.




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