Crise derreteu Piamonte


Está sempre cheia a Piazza Castello, defronte ao Palazzo Madama, um colosso da arquitectura barroca, dantes palco da realeza, agora sede da Galleria Civica d´Arte Moderna e Contemporanea. Em vésperas de Natal muito mais e as pessoas parecem formigas apressadas em direcção à Via Roma, Po, Garibaldi. A poucos metros de entrada do Palazzo, uma faixa lembra outras realidades: o despedimento de 160 trabalhadores do grupo Romi Sandretto. Junto a uma velha carrinha estão alguns homens e mulheres sem trabalho. A silenciosa concentração dá nas vistas e notam-se mais viaturas azuis dos Carabinieri. Será porque é Natal? Na Piazza encontra-se um grupo de cantantes vestidos com os trajes típicos dos Andes e enquanto os filhos brincam ao sol os pais espalham conhecidas melodias. O guitarrista também procura imitar velhos êxitos de Bob Dylan e os homens-estátua espreitam a oportunidade de actuação. Todos tentam a sua sorte nesta praça real com regras fixas destinadas a atrair turistas com vistosos sacos de prendas. Os cantantes têm o seu tempo de antena estipulado, tal como em Veneza com as orquestras junto aos cafés. Fico-me com o folheto explicativo das razões do protesto. Um amigo meu deu-me outras notas de reflexão: na região de Piemonte fecham, por mês, cerca de uma centena de lojas, ou seja, 1200 por ano.  Ainda faz sentido festejar o Natal?


 

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