Fé e religião do Tibete em Rivoli


Nem a destruição durante a II Guerra Mundial retirou esplendor ao famoso Castello di Rivoli, situado a cerca de 20 quilómetros do centro de Torino, jóia da coroa da região de Piemonte, palco de lutas palacianas pelo Poder, saqueado e entregue às feras, mais tarde restaurado pelo arquitecto da realeza Filippo Juvarra. Apenas a fachada ficou inacabada. O esplendor de outros tempos ganhou mais nobreza quando o Estado italiano, nos anos 90, decidiu dar outra função ao fabuloso conjunto de edifícios e convidou o arquitecto Andrea Bruno para proceder à transformação da antiga residência da família Saboia (séc. XIV) num Museu de Arte Contemporânea.  O surpreendente restauro provocou efeitos e fontes de receita. Hoje, o Castello di Rivoli é considerado um dos maiores da Europa e atrai todos os anos milhares de visitantes do Mundo inteiro numa experiência única pelo conhecimento, arte e cultura. O desdobrável disponível à entrada acrescentou outra informação preciosa: o castelo/museu possui um departamento educativo destinado ao público das escolas e diferentes níveis de ensino,  uma impressionante colecção de vídeos com cerca de 700 óperas e 130 documentários, núcleos expositivos com mostras de carácter permanente e temporário, palco de manifestações ligadas às artes visuais, performativas, musicais, visitas guiadas, livraria com centenas de títulos relacionados com a pintura, fotografia, ballet, cinema, teatro, ópera. O calendário das exposições é imperdível.
Na estrutura mais elevada do barroco castello a enorme galeria abriu portas à antológica exposição fotográfica intitulada “Tulkus 1880 a 2018 Paola Pivi”. São 1000 fotos espalhadas pelas paredes, rostos de gente seguidora do budismo tibetano e Dalai Lama. Percorrer este espaço simboliza, igualmente, uma viagem pela memória milenar, fé e espiritualidade. Como enfatiza o painel explicativo da exposição, as imagens para os seguidores da religião budista assumem não só um carácter artístico, mas também, divino, sagrado. A colecção teve a participação de vários fotógrafos internacionais, entre os quais, Daniel Barlocher Kuma, Byrne Sue, Alexander David-Neel e Farber Don. A colecção abrange vários períodos e épocas do Budismo e como tal, uma equipa multidisciplinar de investigadores recolheu ao longo dos anos importantes registos visuais em mosteiros, museus, arquivos, instituições culturais e religiosas. Após 2018 a imponente exposição estará patente no Centro de Arte Contemporânea de Roterdão, Holanda. 
Nos antigos aposentos da realeza, 38 salões enormes decorados com tectos de encantar e diferentes ornamentações pictóricas, o visitante é confrontado com muita arte contemporânea, vídeos, instalações de vários artistas mundiais, Yang Fudong, Guiseppe Penone, Robert Wilson (cuja obra também pode ser visitada no Palazzo Madama, em Torino), Mario Mertz e Lothar Baumgarten. As suas criações artísticas emprestam outro brilho e luminosidade aos enormes e decorativos espaços do castelo com séculos de história, renascido para dar lugar à sedução e beleza. É outra dimensão e galáxia apenas possíveis de traduzir em imagens, contextos e interpretação visual das peças de arte.
Começa a entardecer em Rivoli e regressei ao pátio, espécie de varandim do castelo para voltar a fruir o casario da urbe, as torres mais esguias de Torino e, como pano de fundo, Valle di Susa, um dos principais pontos turísticos de Inverno com várias pistas de esqui, mais a Sauze d`Oulx e a luxuosa Sestrie e Bardonecchia. O restaurante tem vista panorâmica e é considerado um dos mais luxuosos de Piemonte, cozinha confeccionada por chef de renome internacional, vinhos de todo o mundo vitivinícola e onde cada refeição pode custar 300 euros. Optei pelas belezas encantadores do Castello di Rivoli e  fiquei saciado espiritualmente.

Comentários

  1. Visitei este museu em agosto...Também o acho imperdível e a vista que se tem de Turim é belíssima.
    Gostei muito da transformação do castelo em museu, reunindo o melhor de dois mundos!

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