Máscaras e rituais de encantar


J
á sabíamos que somos um país de máscaras, gente mascarada, fingidora. No mapa geográfico do Douro e Trás-os-Montes  esconde-se sem disfarce um património riquíssimo, milenar, tradições, culturas, rituais, como o uso das máscaras nas festas antigas e de tradição, onde a transgressão é consentida e assumida pelas gentes das aldeias. Pelo Solstício de Inverno, a festança está garantida, por exemplo, em lugares tão distantes da nossa geografia caseira, como Ousilhão, concelho de Vinhais, em Bemposta, Montalegre.
Em outras ocasiões, as máscaras e mascarados funcionam como catarse colectiva de um grupo sobre a comunidade, como sucede na Festa dos Rapazes, em Aveleda (pelo Natal) na aldeia de Baçal (no dia de Reis) e pelo Carnaval, em Podence (Macedo de Cavaleiros) um dos lugares de reinação e atracção de milhares de visitantes. Foi a pensar nesta simbologia de costumes  que a pintora Balbina Mendes, também natural da região de Trás-os-Montes (freguesia de Malhadas, Miranda do Douro) começou a investigar e a proceder à recolha de elementos de carácter etnográfico e etnológico que pudessem lugar a enormes manchas de luminosidade e arte. O resultado de quase cinco anos de pesquisa e levantamento deste tipo de tradições é surpreendente e pode ser testemunhada na exposição itinerante agora patente no Museu Municipal de Penafiel. “Primeiro foi a curiosidade, depois o prazer da descoberta e a seguir a paixão”, sustentou a artista encantada (e deslumbrada) pelo facto do mundo das máscaras ser muito vasto e abranger aldeias diferentes pela  geografia como Mogadouro, Vinhais, Macedo de Cavaleiros, Lazarim (Lamego) sem esquecer as máscaras em folha de flandres utilizadas em Grijó de Parada, Bragança, o chocalheiro de Bemposta, cuja máscara está religiosamente guardada  na casa do pároco da freguesia. “As máscaras traduzem uma simbologia muito diversifica que tanto podem ser de fertilidade, como de alegria e festa das comunidades”, assinalou a artista.
“Máscaras Rituais do Douro e Trás-os-Montes” já esteve patente em Bruxelas (2009) e Viena (2010). Depois, a colecção de pintura viajou por várias cidades do Norte e Sul e em 2013, estará no Museu Etnográfico de Zamora. Porém, devido ao êxito de público e visitantes, outros museus e centros culturais do país poderão acolher a exposição. Enquanto tal não sucede, será tempo de admirar em Penafiel, a dois passos do Porto e até ao dia 27 de Janeiro de 2013, as telas e as máscaras feitas com arte e sabedoria por Balbina Mendes.

   

 

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