Na antiga instrução primária aprendi coisas aparentemente inúteis - muitas delas criticadas pelos puristas do séc. XXI -, mas quase todas úteis para a vida, como saber onde ficam localizadas as principais serras e rios de Portugal desde a sua nascente à foz. Um dos rios que sempre causou fascínio e prazer foi o Douro, enaltecido por poetas, pintores, cineastas, para sempre imortalizado por Manoel de Oliveira, no célebre documentário “Douro, Faina Fluvial”. Talvez por atravessar a cidade onde sempre vivi e procuro ser feliz - apesar do autarca que governa a urbe preocupar-se mais com o DR (Direito de Resposta) e menos com as questões do património cultural -, o certo é que arranjo sempre mil e um pretextos para viajar até à região duriense, admirar os penhascos do Alto Douro Vinhateiro de paisagens deslumbrantes, conhecer a sua arte, cultura, identidade e, obviamente, saborear os seus afamados néctares.
Um dos rios que faz parte do meu
imaginário de criança e que muitos anos depois tive a oportunidade de conhecer
melhor foi o Bestança, o “rio de todos nós”, cerca de 13,5 quilómetros de
comprimento desde a serra de Montemuro até desaguar em Porto Antigo, na margem
esquerda do Douro. A descoberta não foi obra e graça divina, embora as suas
águas cristalinas e límpidas sejam um bálsamo para os sentidos e um hino à
Natureza. A descoberta só foi possível de acontecer graças ao dinamismo e criatividade da ADVB- Associação
para a Defesa do vale do Bestança, – uma jovem instituição com 20 anos de
existência – e que, contra ventos e marés procurou acautelar o interesse
público e sensibilizar os mais jovens para causas nobres, como a defesa do meio-ambiente
e preservação do património natural e cultural da região. Há alguns anos, uma
empresa privada de Lisboa tentou construir duas mini-hídricas no rio Bestança,
mas como os sinos tocaram a rebate o projecto foi por água abaixo. Uma vez mais
a Associação encabeçou a luta e, com isso, granjeou prestígio nacional,
conquistou a admiração de todos os amigos do meio-ambiente e em particular dos
habitantes de Cinfães.
Duas décadas depois, a Associação
alargou horizontes e todos os anos leva por diante um vasto programa de
actividades lúdicas, recreativas, culturais e educacionais que abrangem jovens das
escolas do concelho, pais, professores e comunidade local. Há dias, por entre o
lançamento da revista “Prado” e a realização de uma cerimónia alusiva à
efeméride realizada na Casa de Cultura de Cinfães, todos os convidados foram
unânimes em enaltecer o trabalho realizado ao longo dos últimos 20 anos. Perante
tantos elogios já só resta desejar parabéns e longa vida à ADVB.
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