Hino à Alegria na Póvoa de Varzim


Não é todos os dias que, num país acabrunhado e triste, com cortes no Orçamento e ainda mais na Cultura, um festival de música pode dar-se ao luxo de festejar 35 anos de existência e conseguir atrair a uma pequena cidade do Norte agrupamentos musicais de excelência, reportórios, intérpretes de craveira internacional, público fidelíssimo a esgotar concertos uns atrás doa outros e seguindo atentamente as diferentes iniciativas paralelas.
Se dúvidas existissem, a XXXV edição do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim que, hoje começa com a habitual conferência de Rui Vieira Nery (este ano dedicada a Britten) prova que, mesmo em tempos de crise, a Câmara da Póvoa de Varzim e os mecenas locais perceberam a importância do certame e deram as mãos para manter um festival e uma programação capaz de fazer inveja a muitos certames do género da Europa.
Acompanho o Festival há vários anos e sou testemunha do interesse sempre renovado do público que, antes do início dos concertos costuma formar filas à entrada do auditório municipal, Igreja matriz da Póvoa de Varzim, ou na igreja românica de S. Pedro de Rates, cuja acústica tem constituído uma descoberta e surpresa neste tipo de concertos de música antiga.
Na XXXV edição do Festival algumas notas para destacar concertos imperdíveis: “Vox Luminis”, com direcção musical de Lionel Meunier (dia 6; igreja matriz); Pavel Gomziakov, violoncelo e Louis Lortie, piano (dia 9, auditório municipal); Pavel Sporcl, violinista e Miguel Borges Coelho, pianista (dia 12, auditório municipal); Quarteto Verazin (dia 14, igreja de S. Pedro de Rates); Os Músicos do Tejo (dia 15, igreja da Póvoa) “Heptachordum”, cujo agrupamento venceu o Prémio Jovens Músicos da RTP/Antena 2 (dia 16, igreja de Rates); Madalena Sá e Costa, a mais jovem violoncelista do Porto presta homenagem à sua irmã Helena Sá e Costa num concerto marcado para o dia 22 (Museu Municipal); Pedro Burmester e Quarteto de Matosinhos (dia 25, auditório municipal) e para terminar em beleza, “L´Arpeggiata”-Cristina Pluhar. Espera-se lotação esgotada.
Perante a expectativa de boa música, o melhor será ir a banhos à Póvoa e pela noite assistir aos concertos. Falta ainda prestar homenagem à Associação Pró-Música e ao mentor do Festival, Professor João Marques que, ano após ano, faz autênticos milagres ao organizar e programar um dos mais prestigiados certames culturais do país. Acendam-se, pois, as velas e faça-se um brinde. Muitos parabéns e votos de longa vida ao Festival Internacional da Póvoa de Varzim.

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