O turista acidental ficou extasiado com o idílico pôr-do-sol no cais de Bissau. Depois de entrar na Casa Mané, com balcão e mostruário de panos estampados e cores garridas, observado o menino a engraxar as botas ao militar e a candonga da troca de euros e dólares em moeda guineense, meteu dois dedos de conversa com um empresário desesperado com a falta e negócios. “Não aguento mais”, desabafou. E lá atravessei o jardim abandonado com a estátua de Amílcar Cabral e fui ver o mar.
O pesadelo veio a seguir. Como de noite todos os gatos são
pardos e os carteiristas estão atentos, tive de ter mil cuidados ao virar
costas ao mar. O entardecer foi rápido e
a cidade ficou quase deserta, sem gente, luz eléctrica nas ruas, apenas iluminada
pelos reclames das casas comerciais e faróis dos carros, a maior parte velhos,
muito velhos, a cair de podre, outros topo de gama, tipo todo-o-terreno prontos
a circular nesta espécie de montanha russa pelas ruas do centro. Uma sensação
estranha. Acelerei o passo e por entre ruídos estranhos dos geradores, muita poluição
ambiental e sonora lá fui tirar a barriga de misérias num restaurante de comida
senegalesa, um peixe farto (bica) e longo do tamanho da travessa. Foi a recompensa
pelos maus caminhos. Só a aventura contada à mesa teve mais sabor.
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