São todos jovens aqueles que, hoje, decidiram marcar consulta na clínica dentária da Casa Emanuel. Estão, naturalmente ansiosos, mais ainda quando entram na sala de tratamentos. Muitos deles adiam o mais possível a ida ao médico, outros só marcam consulta quando têm alguma infecção. “Só cá vêm quando já não aguentam mais as dores”, ouve-se. A comandar as operações está a médica e missionária Isabel Johanning, natural da Costa Rica, fundadora da Associação Casa Emanuel, na Guiné-Bissau, duas jovens médicas, Márcia e Filipa, ambas com licenciatura em Medicina Dentária e voluntárias de O Mundo a Sorrir, uma ONG com várias missões realizadas na área da saúde oral. Na sala estão mais duas auxiliares e pessoal encarregado das fichas clínicas dos doentes. “Língua para baixo e esteja tranquila”, escuto enquanto uma das médicas executa as operações tendentes à limpeza dos dentes. No final são dadas instruções e ensinamentos na arte de bem escovar os dentes. “Todos os dias deverá limpar a boca e os dentes com dentífrico”, transmite uma das jovens médicas à Marli, 23 anos, estudante de Bissau.
Não há mãos a medir e todo o espaço é pouco para acudir
às muitas necessidades. Outro doente, Du Baba ainda chegou a sentar-se, mas com
problemas na dentição a médica que o atendeu resolveu ministrar-lhe um
antibiótico e despachar o paciente para a próxima consulta. “Venha daqui a uma
semana”. O tempo é precioso e a lista de doentes longa. Outro guineense encaminhou-se
para a cadeira de tratamentos, uma limpeza geral, mais retirada de cárie
dentária. Coisa pouca. “Não te vou sofrer muito. Os dentes não estão maus”. E Abraão
sorriu de contentamento quando ouviu a esperada frase: “Já está. Pode ir embora”.
Seguem-se mais inscritos e em fila de espera, Juçara Djú,
aguarda a sua vez. Como a boca está infeccionada recebeu guia de marcha para marcar
nova consulta. Faz-se uma breve pausa e por instantes deixei de ouvir falar em boticões,
alavancas, pinças, sondas…Tempo para dois segundos de conversa: “Ontem, existiam
19 inscrições, mas às vezes, atendemos 30 pessoas. Os tratamentos variam, mas como
a saúde oral nem sempre tem os cuidados que merece somos obrigados a atender
doentes em fim de linha. Muitas vezes com recurso a extracções de dentes, outras
limpezas do tártaro e da cárie. A saúde oral é uma das nossas preocupações”,
concluiu a médica Isabel Johanning.
A manhã aproxima-se do fim e contas feitas foram
atendidas quase uma vintena de pessoas. Um milagre face aos recursos
existentes. Nesta manhã abençoada O Mundo a Sorrir cumpriu mais uma etapa e partilhou
sorrisos de contentamento.
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