O silêncio das jovens mães


Amanhece bem cedo na Guiné-Bissau e o calor sufoca. Ultrapassada a porta de entrada do Hospital da Casa Emanuel, nos arredores de Bissau, a sala ao ar livre de vacinação está cheia de jovens mães. Estão sentadas com os seus bebés às costas enrolados em tecidos de cores coloridas. Quase todas têm um olhar triste. Neste lugar de África as meninas nem chegam a ter tempo para brincar às bonecas. Engravidam sem consultas de planeamento familiar. São mães antes do tempo e muito cedo aprendem a desenrascar-se pela vida fora. Geralmente, curta, já que a esperança média de vida das mulheres não ultrapassa os 50 anos. Por estas bandas a paciência tem todos os limites do mundo. Apesar do sol apertar todas as mulheres esperam ordeiramente a sua vez de chamada e após a vacinação voltam a enrolar o “maior tesouro” das suas vidas no corpo. Os homens estão quase sempre ausentes. E seguem viagem a pé, ou no “toca-toca” para as suas casas. Para mais um dia de labuta num país sofrido e sofredor.  

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