Patrício Ribeiro, 66 anos, empresário, técnico de
energias, veio pela primeira vez à Guiné-Bissau em 1984. Chegou como
responsável de um projecto encomendado pelo Banco Mundial e foi amor à primeira
vista. “Chefiei uma equipa de quinze portugueses na construção do Banco de
Bissau. A experiência foi gratificante e correu muito bem. Mais tarde, voltei
por cinco anos para orientar programas financiados pelo governo sueco. Foi o
princípio de uma longa aventura”, confessou. Feitas as contas conhece melhor o
território onde vive e trabalha do que o país onde nasceu.
Bissau é o seu porto de abrigo, mas ao longo do ano
percorre o país de lés-a-lés na construção de estruturas de painéis solares,
energias foto voltaicas, instalação de bombas de água, geradores. É o seu mundo
e modo de vida. Como se “cansou de trabalhar para os outros” fundou a sua
própria empresa na área das energias renováveis. Foi o seu nicho de mercado.
Como os trabalhos realizados foram reconhecidos pela União Europeia e Banco
Mundial participa regularmente nos concursos e ao lado de outras empresas do
sector disputa contratos de milhões, projectos
destinados às ONG´s, estudos para várias
entidades e organismos internacionais. “O grande problema da Guiné-Bissau reside
na falta de energia eléctrica. Na maior parte dos casos trabalhamos no fio da
balança, obrigados a percorrer locais de difícil acesso e isolados do mundo
para proceder à montagem de painéis solares nas escolas, centros de saúde. Neste
momento, alargamos o leque de opções e montamos electro bombas solares
destinados a promover energias foto voltaícas. É muito gratificante dar luz e
água a quem nunca teve estes bens essenciais à vida. Nem queira saber a festa que
nos fazem quando vimos embora”, contou.
Encomendas e projectos não faltam: montagem de painéis
nas tabancas de Bissorã, promoção de
equipamentos de rega para a horticultura em diferentes pontos do território, abastecimento
de água nas cidades de Bafatá, Buba e Cacheu. “Até agora já participei em mais de uma centena de instalações na
Guiné-Bissau. Estou cá por gosto.
Felizmente, pagam-me para fazer aquilo que eu gosto. Trabalhar aqui é uma
aventura permanente. As pessoas nem calculam as dificuldades e incertezas que
são precisas vencer para executar determinado tipo de trabalhos. No final, tanto
eu como a minha equipa sentimo-nos recompensados”.
Como o futuro a Deus pertence, Patrício Robeiro ainda não
marcou a data de regresso definitivo à aldeia onde nasceu, a “dois passos” de Águeda,
habitual refúgio para rever a família e amigos, podar as videiras e tratar dos
eucaliptos, “a única coisa que dá dinheiro em Portugal”.
“A Guiné ainda é uma aventura e sem aventura não consigo
viver. Irei continuar por aqui até onde puder. Já trouxe o meu filho para efectuar
a transicção de conhecimentos e experiências. Mas a Guiné é um país adiado. As
dificuldades de hoje são as mesmas que encontrei quando cheguei há 30 anos. Vou
vivendo assim: um pé cá e outro lá”.
”.
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