
Uma peça do escultor Zulmiro de Carvalho exposta na Casa de Chavães.
Só é
preciso tempo para percorrer o território, admirar a paisagem (sempre belíssima,
ou não estivesse o Douro ao virar da encosta) e por estes dias, ter os sentidos
mais atentos para a maratona intitulada Douro
Art Fair 205 onde o passeante poderá observar muita escultura, pintura,
fotografia, filmes e vídeos, arte, muita arte de diferentes estilos e correntes
estéticas. A peregrinação artística acontece em 15 lugares diferentes de Baião,
monumentos com história (imperdível não visitar o Mosteiro de Ancêde) edifícios
impensáveis onde nunca foi exposta arte, públicos e privados, quintas
brasonadas. Não é um calvário, antes uma sedução para o olhar e os sentidos. Até
ao dia 24 de Agosto.
Deixou
de ser uma utopia e transformou-se num projecto cultural capaz de suscitar curiosidade e atrair cada
vez mais turistas ao concelho onde Eça de Queirós escreveu “A Cidade e as
Serras”. Ao todo são 30 artistas, a maioria dos quais com obra reconhecida
internacionalmente, como sejam, José Rodrigues, Paulo Neves, Zulmiro de
Carvalho, Manuela Bronze, Francisco Laranjo, Sobral Centeno, Isabel Cabral e
Rodrigo Cabral. Só por estes trabalhos já valia a pena dar um salto a Baião.
Mas,
existem muitas outras obras de autores menos conhecidos e igualmente capazes de
atrair atenções. Por exemplo, em Tormes além do famoso “arroz de favas” que faz
as delícias do visitante, muito mais poderá ver e fruir, o espírito da casa, o
tempo e o modo como Eça viveu os seus dias felizes e observar lindíssimas
ilustrações de Fatinha Ramos, autora de capas para livros infantis, cujas
“composições surreais criam uma atmosfera conceptualmente marcante” e exposições
realizadas em Londres, Antuérpia e Porto.
O roteiro fica à escolha e vontade do
visitante. Porém, como existe um guia e catálogo para melhor acompanhar a
selecção das obras expostas, nada melhor que começar pelo centro urbano onde
(quase) tudo acontece. No largo fronteiriço ao edifício da Câmara de Baião,
estão trabalhos escultóricos de Xico Lucena; uns quilómetros mais adiante, em
direcção à serra da Aboboreira, na Casa de Chavães, estão expostas mais esculturas
de grande porte, criatividade e beleza assinadas por Bety Carvalho (apetece
logo comprar as suas peças cheias de poesia e criatividade) sem esquecer as criações
de João Carqueijeiro, Paulo Neves e Zulmiro de Carvalho; depois, num sítio
impensável, no Centro do Biscoito da Teixeira, por entre doces e outras
iguarias, estão cerâmicas de Jaime Borges e Mário Vilaça.


O pintor Acácio de Carvalho mostra a sua arte no Mosteiro de Ancêde
Como o tempo corre devagar, o turista acidental (ou amante da Arte) poderá rumar em direcção ao Albergue de Mafômedes (onde estão expostos “Os Mosaicos da Cooperativa Cultural de Baião/Fonte do Mel”), dar um salto à Casa das Bengalas para ver esculturas de Artur Moreira; ou visitar a Quinta do Ervedal, a poucos quilómetros de Mosteirô, para apreciar peças únicas de Carlos Lourenço, Isabel e Rodrigo Cabral e Manuela Bronze. Talvez seja um dos locais de eleição para descansar da “via sacra”, saborear um copo de vinho e manter dois dedos de conversa com Isabel Costa e Almeida, mentora do projecto só possível de acontecer graças ao “apoio incondicional” da Câmara Municipal de Baião.
Se o visitante ainda tiver fôlego (num dia
será, talvez, impossível ver tantas obras de arte…) e vontade em continuar
pelas diferentes estações, existem outras opções à escolha: Quinta da Covela
(esculturas de Moisés Preto Paulo); Hotel Douro Palace (fotografias de Aníbal
Lemos, mais esculturas de Manuela Soares e Rui Nunes); Mosteiro de Ancêde
(trabalhos dos conhecidos Acácio de Carvalho, José Rodrigues e Sobral Centeno);
Hotel Douro Valley (Francisco Laranjo, Henrique Vaz Duarte, Joana Figueiredo e
Lúcia Seabra), além de outras obras espalhadas em três edifícios centrais do
concelho: Auditório Municipal, Posto de Turismo e Museu Municipal de Baião.
“A arte deve conviver naturalmente em
diferentes espaços do território e com as pessoas. Sem elitismos, antes
tentando envolver vários públicos e gostos. A cultura não se esgota na música
folclórica. Não podemos continuar a viver de memórias e tradições, embora este
legado seja importante. Temos de dar outro futuro ao concelho e deixar marcas
da nossa contemporaneidade”, resumiu Isabel Costa e Almeida, empresária e
mentora do projecto Douro Art Fair 2015.
No texto publicado no catálogo da exposição,
o presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro, elogiou a iniciativa e
sublinhou o facto do projecto constituir uma mais-valia para o concelho.
“Podendo contar com artistas de renome nacional e internacional, avaliamos aqui
uma possibilidade de trazê-los ao diálogo com os baionenses e, ao mesmo tempo,
atrair à nossa terra outros visitantes que, por essa via, possam (re)descobrir a
História, o património e a cultura de Baião. Queremos o Mundo em diálogo com
Baião e Baião em diálogo com o Mundo. E, com este caminho, estamos a construir
o futuro”, enfatizou o autarca de Baião.
As Estações artísticas poderão ser visitadas
até ao dia 24 de Agosto e as entradas são gratuitas. Mais informações em: www.cm-baiao.pt
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