"Lugares de Viagem" na Bienal da Maia


Image de “Lugares de Viagem” na Bienal da Maia
Fotos de Alfredo Cunha

Pelas paredes do Fórum da Maia estão centenas de obras da nossa contemporaneidade, fotografia, pintura, desenho e escultura, múltiplas expressões criativas. Nestes “Lugares de Viagem” – titulo genérico da exposição - estão representados artistas com percursos e linguagens estéticas diferenciadas, a maioria dos quais com representação internacional, Sónia Delaunay, Resende, Alberto Carneiro, Ângelo de Sousa, Álvaro Lapa, Nadir Afonso, entre muitos outros. Durante nove meses a Bienal da Maia assume-se como uma plataforma das artes, de todas as artes, vídeo, performance, cinema, instalações, “tutti quanti”.
Entra-se nas instalações e o visitante é confrontado com várias peças escultóricas concebidas em madeira, barro e gesso, santeiros e “ex-votos”, uma galeria de retratos onde a dimensão religiosa é patente. A mesma mensagem surge no conhecido “Auto-Retrato no Sepulcro” (1990)  concebido por Albuquerque Mendes, cujos trabalhos recentes foram apresentados na Cooperativa Árvore, no Porto.  
A seguir, surgem obras assinadas por Luísa Ferreira e mais fotos, uma enorme colecção de 36 imagens do fotojornalista Alfredo Cunha, dando conta de algumas festividades a Norte, como a realização dos famosos “Caretos” onde o sagrado e o profano andam de mãos dadas nas representações levadas a efeito em várias lugares, Podence (Macedo de Cavaleiros) ou em Lazarin, Lamego.
 No lado expositivo oposto o visitante navega entre a “figuração e a abstração”, composições de Mafalda Santos, pinturas e escultura de Luísa Abreu, fotos de Sónia Neves e Carla Filipa, uma série de quadros de José Augusto França (durante anos foi o único historiador de arte digno desse nome) assinados por José Guimarães, mais fotos de Artur Barrio, artista do Porto com dupla nacionalidade, portuguesa e brasileira (esteve na I Bienal de Cerveira, em 1978) com obra espalhada por Nova Iorque, participante da “Documenta 11”, de Kassel, na Alemanha e vencedor do Prémio Velásquez, em 2011. No mesmo ano foi representante único do Brasil na Bienal de Veneza.
Há mais muito mais a visitar na Bienal: trabalhos de Resende, Sobral Centeno, fotos de André Cepeda, imagens de paisagens urbanas de Augusto Alves da Silva, obras únicas de Alvarez, Aurélia de Sousa, Abel Salazar, Eduardo Viana, Nadir Afonso (com um quadro pouco visto da Ribeira do Porto), Álvaro Lapa, Manuel Casimiro, Mário Eloy, Fernando Lanhas e várias esculturas de Alberto Carneiro. Ao chegar ao sítio onde as peças estão espalhadas pelo solo o curador da Bienal faz uma pausa e emociona-se: “É um artista de uma enorme dádiva e generosidade. A sua arte traduz uma experiência sensorial e visual, oliveiras e videiras das suas terras, o lugar onde nasceu e viveu, memórias da sua infância”, sublinha José Maia diante das peças escultóricas do Mestre que, recorde-se, apresentou há pouco tempo, na Fábrica Santo Thyrso, uma exposição antológica de esculturas e desenhos concebidos ao longo de meio século de intensa actividade.
Até ao final da Bienal em Novembro vão acontecer múltiplas manifestações artísticas: filmes, performances, diálogos entre arquitectura, banda desenhada, desenho digital, conversas sobre cinema, visitas guiadas, conferências, uma mostra individual de Silvestre Pestana, intitulada “A Força do Real Que Há-de Vir”.
A exposição é muito didáctica do ponto de vista visual. Não existiu grandes preocupações cronológicas, antes procurei fazer ligações para diferentes correntes estéticas e estilísticas. De certa forma é uma viagem pela História da Arte desde os últimos anos do séc. XIX até aos primórdios do séc XX”, concluiu José Maia.
  
Há várias esculturas de Alberto Carneiro, sem dúvida uma paragem obrigatória












Comentários