Violinista prodígio russa no ciclo ‘À Volta do Barroco’

A reputada violinista russa

Alina Ibragimova que, segundo o jornal britânico ‘Guardian’, tem a “capacidade de colapsar qualquer sentido de distância entre intérprete e ouvinte”, será a estrela da constelação musical programada para a abertura do ciclo ‘À Volta do Barroco’, cujo início está marcado para esta sexta-feira, na Casa da Música (CdM).  Presença assídua nas últimas temporadas da Fundação Calouste Gulbenkian, a vinda de Alina Ibragimova à Invicta reveste-se de especial significado, não só porque é considerada pela crítica internacional como uma das mais brilhantes violinistas do século XX, mas também porque é a primeira vez que tocará no Porto e a CdM será a sua residência artística com a participação em três concertos distintos.
O primeiro desses concertos será esta sexta-feira, às 21h, com a Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, no concerto para violino e orquestra nº 1 de Chostakovitch.
Depois, no dia 15, às 19h30, o segundo recital inclui obras e compositores de grande ecletismo musical: Luciano Berio (‘Sequenza VIII’); Heinrich Biber (‘Passacaglia em sol menor’); Bela Bartok (“Sonata para violino”) e Bach, com a famosa ‘Partita nº2 em ré menor’.
No último dia do ciclo ‘À Volta do Barroco’, a 20, Ibragimova regressa ao palco da Casa da Música com a Orquestra Barroca, dirigida pelo laureado Laurence Cumimings, para interpretar obras fundamentais do reportório barroco, a abertura da ópera ‘Alcide’, de Dmitri Bortnianski, peças de Vivaldi, Bach, Baldassare Galuppi, compositor veneziano do séc. XVII e figura proeminente no seu tempo, cuja estátua perdura na ilha de Burano.
Em tempo de curiosidades acrescente-se mais uma: Alina Ibragimova tocará num violino de 1755 construído pelo famoso construtor veneziano Anselmo Bellosio e como tal, não será difícil de adivinhar que o instrumento estará avaliado em alguns milhões de libras.
Outras propostas imperdíveis: Orquestra Divino Suspiro (outra estreia na CdM, dia 12, às 18h) com obras de compositores que “direta ou indirectamente estabeleceram a ligação entre a escola napolitana e Lisboa”, sem esquecer duas peças do então jovem Mozart; no dia seguinte (dia 13, às 18h) o maestro titular do Coro Casa da Música, Paul Hillier, oferece-nos um conjunto de peças do período barroco russo e também uma obra do compositor italiano Giuseppe Sarti (mestre-capela na corte da imperatriz Catarina II, a Grande); e por fim, a Orquestra Sinfónica e o Coro da CdM (dia 18, às 18 horas) interpretam “A Criação”, de Haydn, porventura a “mais importante oratória de todo o classicismo”.
Conquistando ano após ano cada maior número de espetadores, o ciclo ‘À Volta do Barroco’ já vai na 12ª edição e desde o seu início tem contado sempre com um público fidelíssimo chegando a esgotar a maior parte dos concertos.
“O festival tem um filosofia e uma narrativa assente na divulgação e conhecimento das grandes obras do Barroco. Não podemos esquecer que o barroco é um dos períodos mais exaltantes da música. Uma vez mais temos uma programação de excelência”, resumiu Rui Pereira, programador da Casa da Música.

Crónica publica no Jornal Porto 24 (11 de Nov. 2016)





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