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Será que a Arte pode contribuir para uma sociedade melhor, mais solidária e tornar as pessoas mais
altruístas e tolerantes em relação ao outro? A pergunta faz todo o sentido,
mais ainda num tempo marcado pela xenofobia, migrações, discriminação racial e étnica, falta de
humanismo para quem foge da guerra em busca de paz.
Sim, a Arte pode não salvar o Mundo, mas a Arte pode tornar as pessoas
melhores, mais conscientes e felizes. E mais sábias para enfrentarem os
desafios que, todos os dias, são confrontadas quer através da televisão, das
fake news e da Internet, ou das redes sociais que, sem filtros e sem
contraditório, conseguiram contaminar a nossa relação de ver e observar o mundo.
Mas, será que vale tudo para vender um produto, um quadro, um livro, uma
obra de arte, uma escultura? Ao formular esta pergunta, não posso deixar de
referir um filme (brilhante) “O Quadrado” (2017), de Ruben Östlund,
cuja acção desenrola-se num museu de arte contemporânea e o seu curador Christian
é um homem de causas, empenhado em contribuir para um mundo diferente e
solidário. Tem em mãos uma instalação (O Quadrado) e à medida que os visitantes
chegam ao museu tenta levá-los a reflectir sobre a importância do altruísmo e a
construção de um mundo mais igualitário. O filme é apenas uma metáfora, um
registo sempre pontuado por boas causas, mas onde os fins não justificam os
meios. E tudo termina com cenas de fazer corar de vergonha a quem lá foi
imbuído das melhores intenções.
Não será o caso desta singular e nobilitante exposição que, apenas (e já
não é pouco) quer evidenciar o labor de uma série de artistas, diferentes géneros,
estilos e percursos académicos, onde se misturam pinturas com livros, pequenas esculturas, objectos artísticos desenhados
com arte e sabedoria, todos eles a suscitar cobiça e desejo mas,
fundamentalmente, merecedores da nossa admiração e cotação na nossa bolsa
afectiva. “A exposição faz parte de uma ideia mais ambiciosa de promoção das
artes e procura divulgar o trabalho dos artistas, peças menos conhecidas do
público das galerias, à mistura com trabalhos mais recentes produzidos por diferentes
gerações de criadores. Este projecto é uma partilha de sentimentos”, resumiu
Sobral Centeno, curador desta mostra plural e aberta à contemporaneidade.
Em tempo: a exposição tem outro objectivo mais ambicioso: mostrar à nossa
aldeia (sim, a nossa aldeia é a lente por onde observámos o Planeta) que, ainda,
vale a pena acreditar num Mundo diferente e tornar os outros mais felizes. A
Arte é apenas um caminho. Porque será que milhões vão ao Louvre só para ver a “A
Gioconda”, ao Prado para exaltar “A Guernica”, ou às “Galerias Ufizzie” para
admirar Botticelli, Leonardo da Vinci,
Michelangelo, Rafael ou Tiziano? A arte é um bálsamo para os sentidos e continua
a extasiar-nos de felicidade.
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